Ó tranças, de que o Amor prisões me tece,
ó mãos de neve, que regais meu fado!
Ó tesouro! Ó mistério! Ó par sagrado,
onde o menino alígero adormece!
Ó ledos olhos, cuja luz parece
tênue raio do Sol! Ó gesto amado,
de rosas e açucenas semeado,
por quem morrera esta alma, se pudesse!
Ó lábios, cujo riso a paz me tira,
e por cujos dulcíssimos favores
talvez o próprio Júpiter suspira!
Ó perfeições! Ó dons encantadores!
De girem sois? Sois de Vênus? É mentira:
sois de Marília, sois dos meus Amores.
Bocage
Manuel Maria Barbosa du Bocage
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