Aquele homem que vês, tão maltratado e rude,
olhar de boi castrado carregando a canga,
é uma pedra de raro e infinito valor...
A miséria é a sua ganga,
por isso não lhes vê a beleza interior...
Aquele outro que passa aprumado e elegante
que a riqueza do traje e do trato realça,
parecerá talvez um límpido brilhante...
... mas é uma pedra falsa...
JG de Araujo Jorge
Comentários
Comoveu-me, este poema.
Sabe que eu tenho um amigo assim?
Foi"um senhor".
Deu trabalho a muita gente, ajudou muita gente, recebeu muita gente na sua casa no Algarve...
Hoje é muito pobre Tão pobre que vive da caridade alheia.
Aproximei-me dele num café lá na aldeia.
Tornámo-nos íntimos amigos e queremo-nos muito bem.
Quando o visito, é um nunca mais parar de falar.
Fica tão feliz! por ter alguém que o oiça. Que o oiça contar mil vezes a sua triste história.
Chora e sorri ao mesmo tempo.
Estou imensamente grata a Deus por me ter usado para o ajudar.
Um dia, encontrei-o sentado num degrau com o rosto encostado á parede a chorar sózinho, convulsivamente, e ninguém parava sequer
Coloquei-lhe a mão no ombro e sentei-me junto dele, e em silêncio, e abraçando-o, chorámos os dois.
É um dos meus maiores amigos.
Por isso, eu entendo o poeta.
Por isso, eu gostei muito do poema.
Obrigada, Fernanda
Um beijo
viviana