O amor e o tempo- António Feijó

Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, o Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.

Da minha Amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
E o Tempo acelerava o passo.

— «Amor! Amor! mais devagar!
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!»

Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trémulas ao vento...
— «Porque voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?» — Nesse momento,

Volta-se o Amor e diz com azedume:
— «Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!

António Feijó

Comentários

Viviana disse…
Olá Fernanda

Mas que belo poema!

Está tão bem construido!

Gostei muito.
Obrigada, amiga.

Um abraço

Desejo para si e para o Eduardo um lindo dia de sábado.

Um beijo

viviana
Anónimo disse…
Conheci este poema há muitos anos...Decorei-o naquela altura e penso nele muitas vezes...já o procuro há algum tempo! Obrigada!