"Soneto XIX" (Alma minha gentil, que te partiste)- Luís de Camões


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algu~a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís Vaz de Camões
 
1524 – 1580

Comentários

Anónimo disse…
Maravilha de poema
Unknown disse…
maravilhoso
sem palavras!

manuela Rocha
Obrigado, em nome deste grande poeta...
Unknown disse…
Lindo poema e sp imortal! Este soneto embora escrito há tantos anos, é tão actual como na época em q este gd poeta o escreveu. Eu sinto este poema como se me pertencesse, embora n tivesse este engenho nem arte para o poder fazer. A intensidade com q sinto a perda do meu gd amor, o amor da minha vida, faz-me rever nestas palavras, as quais eu seria incapaz de traduzir desta forma e com tal grandeza!!!!.