Eu vi o Amor - mas nos seus olhos baços
nada sorria já: só fixo e lento
morava agora ali um pensamento
de dor sem tréguas e de íntimos cansaços.
Pairava, como especto,nos espaços,
todo envolto num nimbo pardacento...
Na atitude convulsa do tormento,
torcia e retorcia os magros braços...
E arrancava das asas destroçadas
a uma e uma as penas maculadas,
soltando a espaço um soluço fundo,
soluço de ódio e raiva impenitentes...
E do fantasma as lágrimas ardentes
caíam lentamente sobre o mundo!
Antero de Quental
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