Laços de Poesia em homenagem a José Saramago


Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago




A Fundação José Saramago confirmou em comunicado que o escritor morreu às 12h30 na sua residência de Lanzarote "em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila".

Biografia- José Saramago








Comentários

O Indefinido disse…
Saramago


Tarja de dor,
Morreu um beija-flor!
-a escrivania reclama seu escritor.
Foi-se o literato ao pó...
Do nó que se desfaz o véu
Para o céu segue o prosador.
Nobel quisto por amor
Do visto literal...
O vazio que ficou chega a ser assustador
Morte – a sorte aleatório crivou,
- ponto ao seu final.
As palavras seguem sem rumo
Perderam-se o sentido – autor...
O prumo agora rima com a dor,
Vazio versa com amor
Morreu um beija-flor.

Saramago este sonho que não morreu!
Resta a ironia em dizer;
Que a glória de um grande homem,
Nunca haverá de ver o seu fim...


Cesar Moura
Anónimo disse…
Portugal perde um ilustre Poeta!
Vai com Deus, Saramago!
Gratidão pelos comentários e pelo respeito por Saramago