Ó que grande desventura
Em que o país mergulhou,
Perdeu um manto de verdura
E um de cinzas encontrou.
Neste horror foi envolvido,
Com amarga devastação.
Faz pena vê-lo vestido
Com terra cor de carvão.
A floresta calcinada
Foi resistindo, só até,
À hora que asfixiada,
Também ela morreu de pé.
Há tantas mãos enganosas
Que do lume fazem um jogo
Assassinas, criminosas,
Como o dragão a deitar fogo.
Eu penso que o criminoso
Havia de vestir também,
P´ra ver se lhe dava gozo,
A farda que o país tem.
Que Deus dê à nossa terra,
Novamente formosura,
Desde o campo até à serra
Seja um jardim de verdura.
Todos nós gostamos ver
Fogueiras do São João,
Mas nunca na vida ter
Portugal feito em carvão.
Rama Lyon
Este poema foi escrito em Agosto de 2005, por ocasião dos grandes fogos que puseram em brasa o nosso verde país. Infelizmente, neste momento e, derivado às circunstâncias que aos nossos olhos se apresentam, ele é de novo em foco de actualidade… É por essa razão que o trago de novo a ‘‘lume’’ deste bom povo português…
Comentários
Um belo poema, que continua actual.
Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora