A camões- Manuel Bandeira



Quando n’alma pesar de tua raça
A névoa da apagada e vil tristeza,
Busque ela sempre a glória que não passa,
Em teu poema de heroísmo e de beleza. 


Gênio purificado na desgraça,
Tu resumiste em ti toda a grandeza:
Poeta e soldado... Em ti brilhou sem jaça
O amor da grande pátria portuguesa. 


E enquanto o fero canto ecoar na mente
Da estirpe que em perigos sublimados
Plantou a cruz em cada continente, 


Não orrerá, sem poetas nem soldados,
A língua em que cantaste rudemente
As armas e os barões assinalados. 




Manuel Bandeira


Recife, 19 de abril de 1886 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968



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