Silêncio- David Mourão-Ferreira


 Já o silêncio não é de oiro: é de cristal;
redoma de cristal este silêncio imposto.
Que lívido museu! Velado, sepulcral.
Ai de quem se atrever a mostrar bem o rosto!

Um hálito de medo embaciando o vidrado
dá-nos um estranho ar de fantasmas ou fetos.
Na silente armadura, e sobre si fechado,
ninguém sonha sequer sonhar sonhos completos.

Tão mal consegue o luar insinuar-se em nós
que a própria voz do mar segue o risco de um disco...
Não cessa de tocar; não cessa a sua voz.
Mas já ninguém pretende exp'rimentar-lhe o risco! 

David Mourão-Ferreira

Comentários

Minha querida Fernanda
estou de volta e melhor.
As tuas palavras ecoaram dentro de mim de tão verdadeiras.
Por vezes deixamos passar o tempo de nos libertarmos de uma coisa que não nos faz feliz, por vezes pelos filhos, por opções que tomamos quando somos mais novas, desistir da carreira para nos dedicarmos aos filhos, depois quando é o tempo de NÓS...já é tarde e ficamos sem nada.
ficamos dependentes...o amor acaba, as mágoas q ficam como espinhos na nossa alma, mas o tempo passou e temos que aguentar...e ficar com os sonhos por viver.
gosto muito de contar com a tua amizade, aquece o coração.


Beijinhos com carinho
Sonhadora