Deitada és uma ilha e raramente
surgem ilhas no mar tão alongadas
com tão prometedoras enseadas,
um só bosque no meio florescente.
Promontórios a pique e de repente
na luz de duas gémeas madrugadas,
o fulgor das colinas acordadas,
o pasmo da planície adolescente.
Deitada és uma ilha que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias,
mas nem sabes se grito por socorro.
ou se te mostro só que me inebrias.
Amiga, amor, amante amada eu morro
da vida que me dás todos os dias.
David Mourão-Ferreira
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