Os meus olhos- Nuno Alfama



A luz nos meus olhos apaga-se
Mas eles continuam abertos
Desconfiam o amanhã
Temem-no sem olhar
Olham fechados no vazio que os contem
Abrem-se ao que não querem
Fecham-se ao que querem
Querem falar mas ninguém os ouve
Têm tanto a declarar, a confessar
Manifestam-se de toda e nenhuma forma
Escondidos pelo infortúnio
Pelas sombras que os rodeiam
Desordenadas
Encadeadas
Correm e passam
Dizem tudo
Dizem nada
Impensáveis
Intocáveis
Indiferentes à razão
De que a chave está no bolso
Tentados
Irritados
Enganados
Continuam inanimados
À espera da invasão
Afinal, a porta está aberta
Queres entrar?


Nuno Alfama

Comentários

Olá Nuno! Este é um dos momentos em que a minha felicidade canta. Eu quero sempre entrar nessa porta, por vezes até a mim ela parece trancada. Entrarei nela sempre que quiseres e apenas quando quiseres. O meu amor por ti não marca condições. Mas o meu amor de mãe não me deixa sem discernimento e sei que muitas vezes precisas da amiga. E eu seresi tua amiga para sempre!
Continua a escrever...
fernanda
Eduardo Mesquita disse…
A essencia deste poema tem com base o reconhecimento de tudo o que pode estar oculto dentro de nos.
O sol por vezes nasce muito timido, mas quando chega ao meio dia todo o calor que se irradia dele nos faz saber que existe e tem muito para dar.Mas nem em todos os dias o sol aparece, mas em todos os dias ele nasce. Muitas vezes nao quer mostrar o seu brilho, mas quando quer ele e o centro das atencoes, mesmo sem ele dar por isso, basta que brilhe um pouco...

Eduardo Mesquita