Servidão- Eduardo Mesquita


...Se eu não tivesse nada para te dizer,
se um até logo, para mim nada representasse,
se uma insónia me pudessse dizer por onde andas,
se um barco pudesse navegar no asfalto,
se uma estrela conduzisse o teu caminho,
se uma ameaça não fosse amor,
se um estar presente representasse a minha ausência,
se o existir fosse a inexistência,
se o meu comodismo partisse num passeio irresponsavel,
se a minha voz se silenciasse com o teu gesto,
então eu poderia dizer seguramente
que o amor é um vadio sem regresso...
mas como assim não penso,
escravo do amor continuarei a ser,
até que eu tenha forças para me subjugar
ao sentimento que eu quero que em mim permaneça
assim para sempre.
A minha servidão será para sempre
companheira da minha fidelidade
que nunca irá simplesmente só existir
mas também parecer sempre presente.


Eduardo Mesquita

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