Lembra-me ver-te inda infante,
Quando nos campos corrias
Em folguedos palpitantes;
Em folguedos palpitantes;
Eras bela! E então sorrias.
Depois, na infância, eras inda,
Junto ao cadáver rezavas
De tua mãe, com dor infinda;
De tua mãe, com dor infinda;
Eras bela! E então choravas.
Num baile vi-te valsando
Da juventude nos dias,
Todos de amor fascinando;
Eras bela! E então sorrias.
Da juventude nos dias,
Todos de amor fascinando;
Eras bela! E então sorrias.
Dias depois encontrei-te;
Nos céus os olhos fitavas;
Sem me veres contemplei-te;
Sem me veres contemplei-te;
Eras bela! E então choravas.
Quando ao templo caminhando
Entre flores e alegrias,
De esposa a vida encetando,
Eras bela! E então sorrias.
Entre flores e alegrias,
De esposa a vida encetando,
Eras bela! E então sorrias.
Quando na campa do esposo
Com teu filho ajoelhavas,
Grupo inocente e saudoso!
Eras bela! e então choravas.
Com teu filho ajoelhavas,
Grupo inocente e saudoso!
Eras bela! e então choravas.
Num ataúde deitada
Eu te vi em breves dias,
Mimosa flor desfolhada!
Eras bela! e então sorrias.
Eu te vi em breves dias,
Mimosa flor desfolhada!
Eras bela! e então sorrias.
Sorrindo, na vida entraste,
Sorrindo deixaste a vida;
Alguma flor que encontraste
A espinhos a viste unida.
Sim, às vezes tu sorrias,
E os sorrisos o que são?
Quase sempre profecias
Das penas do coração.
Quase sempre profecias
Das penas do coração.
Júlio Dinis
1857.
Nota do Autor. - Sorrisos e lágrimas andam muitas vezes acompanhados, uns por os outros, na vida. Olhada por este lado. esta poesia é verdadeira. Alguma coisa me podiam dizer as minhas recordações, para o provar, mas não seria absolutamente o que escrevi. Neste ponto é ela mentirosa. É pecado de que me confesso arrependido
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