Desprezo
Sinto-me desprezado e esquecido,
pela vida que tudo me deu e tudo tirou,
sou neste momento alguém que se finou,
que num sepulcro dorme, envelhecido.
De branco, a minha sepultura alguém pintou,
num pálido tom, mais que eu, entristecido
e numa lage de mármore enrubrecido,
escreveram : aqui jaz a vida que a morte guardou.
E junto de outros finados ouço os lamentos,
de outro finado que vem a sepultar,
porque ninguém chorou os seus sofrimentos.
Ninguém chora a partida, porquê chorar?
Se alguém pode esquecer os maus momentos,
que só a morte, em bons, os poderá tornar.
Eduardo Mesquita
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