Quadras- António Aleixo

Fala quanto te apeteça,
Mas desculpa que eu te diga
Que te falta na cabeça
O que te sobra em barriga.

Vem da serra um infeliz
Vender sêmea por farinha;
Passado tempo já diz:
- Esta rua é toda minha.

Deixam-me sempre confuso
As tuas palavras boas,
Por não te ver fazer uso
Dessa moral que apregoas.

São parvos, não rias deles,
Deixa-os ser, que não são sós;
Às vezes rimos daqueles
Que valem mais do que nós.

Com o mundo pouco te importas
Porque julgas ver direito.
Como há-de ver coisas tortas
Quem só vê em seu proveito?

António Aleixo


Comentários