Olhar que assusta
Quem nele projecta seu sentido,
E que faz querer por mais
Desses medos assombrados pela luz.
Tão penetrante,
Que nem a própria espada
Carregada pelo criador,
É detentora de tamanho denodo.
Evidência conturbada pelo temor incontendível,
Contemplado por quem anseia açular
O verdadeiro alicerce da reincarnada paixão,
Desmedida de tempo e vontade,
Isenta de suspeição e iniquidade,
Imersa em benquerença pela eternidade.
Certa incapacidade de traduzir sentimentos,
É a fórmula cordial originada,
Inexplicavelmente, pelos incompetentes cumpridores,
De destinos enigmáticos.
Será a partida para quem ainda não tem meta?
A resposta?
Não, ela não te vai bater á porta,
Mas vai crer em ti até estar morta.
Julgamento?
Atalho engasgado sem fundamento,
Pois nada mais é que encobrir o fingimento.
Sofrimento?
Está latente no sentimento,
Ou não tivesse sido a maçã, mordida pelo pensamento.
A pergunta tornou a assolar,
Desta vez intrigada,
Desta vez seria ela a mergulhar em interrogações,
Ensaiando encontrar o caminho em suas próprias inquietações,
Por aqui, não se recordam mais desilusões,
Constroem-se telas de paixões,
Dando um rumo a infindas visões.
A legendária chama persiste em flagrar,
Na tocha que um dia acendemos
Em homenagem ao amanhã.
Agora já nem há fastio,
Já nem há nada que tormenta
O nosso vigoroso olhar,
Somente quebrado pelo enlace
Que toda a noite, ganha lugar.
Nuno R. Alfama
Nuno R. Alfama
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