FRAGMENTOS - ALQUIMIA - VI
Num gesto de tédio, em doce amargura,
solto o pensamento sem espaços.
Bebo o cálice da alquimia fluindo a mistura
mato a fome e a sede no infinito.
Tenho o teu corpo nos meus braços,
a visão esbatesse nas luzes ceifadas,
na tela da lembrança, projeta-se num grito.
Selo a memória, perante as imagens amadas,
num mundo parado, nossos corpos alados,
ganham garras e forma de condor.
Rodopiam, suspensos em lampejos de penumbra
num volteio ligado no sentimento,
entrelaçados pela harmonia do tempo,
luzindo raios num bailado de amor.
Mordo as palavras que não saem da garganta,
escoam pelo tempo vazio do amor que se perdeu.
Num grito ao sentimento, a minha boca canta,
coração vadio, o meu, será sempre teu.
João Murty
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