Inverno no coração- Mário Neves



Já me levantei há um tempo
mas este não muda de olhar…
Cinzento, cinzento, cinzento
cor da chuva, cor do vento,
mais o frio e o desalento
que no meu peito se querem alojar.
Olho em frente, e de lado,
olho à volta deste silêncio,
procuro encontrar um pedaço
de algo, de tudo, de nada.
Será que é de ti 
que ando à procura?...
Fecho os olhos, por momentos,
desço ao peito, devagar,
cerro os lábios, uno os dedos
e deixo-me, enfim, levar…
Vejo luz, pouca luz, 
talvez duas velas de olhar
uma sala, pouco espaço,
só dois seres a vão ocupar.
Um piano, branco de neve,
ao qual uma viola vou encostar.
Vejo o sol, quente e louco,
de uma lareira acesa brotar, 
vejo estrelas, milhares delas, 
saindo do céu do teu olhar!...
Sinto o teu corpo e o meu
numa dança de encantar, 
vejo o meu corpo, no teu
até uma trança formar!
Oiço gritos, surdos, loucos
que se calam, a pouco e pouco,
à medida do meu despertar…
Foi um sonho? Um desejo?
Ou terá sido um simples pensar?...
Se o futuro eu não prevejo
porque me deixei eu embalar?
Ou será que algo…vai começar?

Mário Neves

Pode visitar a página do autor aqui: *** Mário Neves: Poesia e outras coisas.


Mário Neves



Comentários

Unknown disse…
Olá
Boa tarde,

Me encantei com o poema. Gostaria imensamente de saber mais sobre o autor, sua nacionalidade, etc.
Muito grata,
Ana
Olá Ana. Obrigado pela sua visita. Já editei alguns dados sobre o poeta Mário Neves. Com a permissão dele em breve completarei a biografia do autor.
Agradeço

Fernanda