Biografia- Charles Bukowski




´´Esperamos e esperamos. Todos nós. Não saberia o analista que a espera é uma das coisas que faziam as pessoas ficarem loucas? Esperavam para viver, esperavam para morrer. Esperavam para comprar papel higiénico. Esperavam na fila para pegar dinheiro. E, se não tinham dinheiro, precisavam esperar em filas mais longas. A gente tinha de esperar para dormir e esperar para acordar. Tinha de esperar para se casar e para se divorciar. Esperar para comer e esperar para comer de novo. A gente tinha de esperar na sala de espera do analista com um monte de doidos, e começava a pensar se não estava doido também.``

Charles Bukowski


Henry Charles Bukowski Jr (nascido Heinrich Karl Bukowski; Andernach, 16 de agosto de 1920 — Los Angeles, 9 de março de 1994).
Poeta, contista e romancista.
Sua obra de carácter (inicialmente) obsceno e estilo totalmente coloquial, com descrições de trabalhos braçais, porres e relacionamentos baratos, fascinaram gerações que buscavam uma obra com a qual pudessem se identificar.

Nascido na Alemanha, filho de um soldado americano, aos três anos mudou-se para os Estados Unidos com seus pais. Foram inicialmente para Baltimore, em 1923 , depois para o subúrbio de Los Angeles. Com um pai extremamente autoritário e frustrado, e uma mãe submissa, sofria frequentemente abusos físicos e psicológicos por parte de seu pai.

Na adolescência, surgiram inflamações que cobriram o rosto e toda a parte superior do corpo, fazendo-o a submeter-se a tratamentos médicos no hospital público de sua cidade. Na escola, a situação também não era das melhores, tendo poucos amigos e sendo sempre o penúltimo a ser escolhido para a equipa de beisebol. Por causa do tratamento médico, abandonou temporariamente a escola, voltando somente um ano depois. Neste meio tempo descobriu duas coisas que o ajudaram a tornar a sua vida suportável: o álcool e os livros.

Em 1939, começa a cursar jornalismo pela Los Angeles City college, ganha uma maquina de escrever de seu pai e logo se põe a escrever, por causa de seus escritos e contos seu pai o expulsa de casa. Morando em pensões e sem emprego, desiste da faculdade de jornalismo. Com problemas com o alcoolismo, trabalhou em empregos temporários em várias cidades americanas como faxineiro, frentista e motorista de caminhão. Em 1952, consegue um emprego de carteiro. Com uma vida errante, bebendo em excesso e escrevendo alucinadamente. Enviou seu trabalhos para as mais diversas editoras literárias independentes dos Estados Unidos, mas quase sempre eram recusados. A editora da revista Harlequin, Barbara Frye, no entanto, estava convencida de que Bukowski era um génio. Começaram a se corresponder e, em determinado momento, Frye declarou que nenhum homem nunca se casaria com ela. Bukowski respondeu simplesmente: "Eu me casarei". Casaram-se logo depois de se conhecerem pessoalmente. Mas tão rápido quanto se conheceram, separaram-se.

Sonhou a vida inteira em ser reconhecido pelo seu trabalho como escritor. De estilo agressivo e inconformado e, na maioria das vezes, ébrio, sentava em sua máquina de escrever e, com uma subtileza surpreendente, deixava fluir seus pensamentos sem censura alguma. Bukowski vivia em um mundo atormentado e distorcido, totalmente fora dos padrões impostos pela sociedade de sua época. O escritor nunca fez questão de esconder que seus trabalhos eram, quase sempre, autobiográficos. E sua falta de discrição era tão grande, que durante toda vida teve de lidar com a quebra de laços de amizade. Ele citava, sem qualquer preocupação, nomes e, quando muito inspirado, fazia duras críticas às pessoas que o cercavam. Repulsa, nojo, ódio, amor, paixão e melancolia. Esses são alguns dos sentimentos que mais inspiraram Charles Bukowski, que passou a vida nos becos dos Estados Unidos, na composição de toda sua obra. Cada poesia, cada romance e cada conto do escritor traz um pouco da vida do "Velho Safado", como ficou conhecido no mundo inteiro.

Depois do divórcio conhece Frances Smith, com quem teve uma filha Marina Louise Bukowski. Até este momento, Charles Bukowski era apenas um poeta iniciante.

Em 1971, surge a imagem de Bukowski que o tornaria famoso, o seu alter ego Henry Chinaski, em Cartas na Rua. Chinaski o acompanha em todos seus romances e só não é protagonista em Pulp. Sua obra surtiu tanto efeito que alguns de seus contos e romances acabaram sendo adaptados para o cinema por alguns directores. Inclusive, o próprio Bukowski recebeu diversos convites para escrever argumentos, apesar de assumir que nunca gostou muito de filmes.

Bukowski morreu de leucemia aos 73 anos, em 9 de Março de 1994, pouco depois de terminar Pulp. Em seu túmulo se lê "Don't Try", "Não Tente" em português. Com o tempo, apareceram alguns herdeiros seus na literatura, principalmente na questão do estilo violento e despudorado de sua linguagem, e que acabou inclusive tendo desdobramentos no cinema. Mas poucos são aqueles que como ele, vivenciaram e permaneceram com naturalidade na sarjeta, fazendo dela, sua fonte de inspiração. De todo aquele inferno imundo e fedido, Bukowski fez o seu paraíso.


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Bukowski em sua casa, San Pedro, 1990.



(Fonte; wikipédia)






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