Biografia- Rosalía de Castro

3 Rosalia de CastroRosalía de Castro nasceu a 24 de Fevereiro de 1837 em Camiño Novo, um arrabalde de Santiago de Compostela, sendo baptizada com os nomes de Maria Rosalía Rita. No registro do Hospital Real de Santiago de Compostela figura como filha de pais desconhecidos.

 Sua poesia inspira-se na lírica popular trovadoresca e foi escrita em galego e em castelhano. Considerada a figura mais importante da poesia galega do século XIX, publicou os livros Cantares Gallegos (1863) e Folhas Novas (1880), ambos escritos em galego, e En las Orillas del Sar (1884), este considerado os primeiros versos modernos em língua castelhana.  Sua poesia será relida e valorizada pela geração de 1898: Antonio Machado, Miguel de Unamuino, Juan Ramón Jiménez e, mais tarde, Federico García Lorca.


As biografias tradicionais relataram que, depois do seu nascimento, foram suas tias paternas Teresa e Maria Josefa que a tomaram a seu cargo na sua casa (chamada a dos Castro) na paróquia de San Xoán de Ortoño, Ames. Porém, novas investigações demonstram que Rosalía morava em Padrão, em companhia de sua mãe, quando contava cinco anos de idade. De facto, num registro do concelho de Padrón a 17 de Setembro de 1842, consta que reside naquela localidade Teresa de Castro, com a sua filha Rosalía e uma criada chamada Maria Martínez. No registro, Teresa aparece com o estado civil de solteira e com a idade de trinta e seis anos (dado errôneo, já que, segundo a data de nascimento do Livro de Batizados de Iria Flavia, a mãe de Rosalía nascera a 24 de Novembro de 1804; pelo qual, na realidade, Teresa estava a ponto de cumprir os trinta e oito anos) e Rosalía com a idade de cinco anos e sete meses. Ao não existirem mais dados ou testemunhos, semelha que a data do registro de Padrão corresponde com a data na qual mãe e filha voltaram viver juntas
Desconhece-se exactamente quando se mudaram para Santiago, mas é sabido que em 1850 viviam mãe e filha nessa cidade. Ali começa a formar-se em torno à Sociedad Económica de Amigos del País. Em Santiago recebe formação musical, artística e literária; participou nas atividades do Liceo de la Juventud, lugar de encontro dos intelectuais comprometidos com o movimento provincialista. As suas correntes ideológicas, que impregnarão a obra de Rosalía, eram o socialismo e o republicanismo.

Em 1856 foi para Madrid, onde viveu com uma prima. Começou a publicar e, em 1858 casou com Manuel Murguía, investigador, cronista e jornalista. A vida do casal tornou-se itinerante devido ao cargo de funcionário de Murguía. Em 1859 regressaram a Galiza, onde nasceu Alejandra, sua primeira filha; em 1861, de novo em Madrid, publicou obras em galego e castelhano. Depois de viverem uns anos em Madrid, mudaram-se para Lugo, e depois voltaram a Madrid, onde nasceu Aura; as atividades do seu marido levaram-nos a diferentes lugares: Simancas, Corunha, Santiago de Compostela, Lestrobe, Estremadura, Alicante... enquanto foram nascendo mais filhos: Aura, nascida em Dezembro de 1868 (morreu em 1942). Gala e Ovídio, gémeos, nasceram em Julho de 1871 (Gala morreu em 1964 e Ovídio em 1900), Amara, nascida em Julho de 1873 (faleceu em 1921), Adriano Honorato Alejandro, nascido em Março de 1875, (faleceu em Novembro de 1876 devido a uma queda) e Valentina, nascida morta em Fevereiro de 1877.

Rosalía de Castro escreveu tanto em prosa como em verso, empregando o galego e o castelhano. Sua obra esteve profundamente marcada pelas circunstâncias que rodearam sua vida: como sua origem, os problemas económicos, a perda dos seus filhos e sua frágil saúde.
Em 1863 foi publicado em Vigo o seu primeiro grande livro, "Cantares Gallegos", pelo seu marido, Manuel Murguía, que geriu, sem a licença da sua esposa, a saída do prelo de um poemário que fixa o começo de uma nova era para a poesia galega e que foi a base do Ressurgimento da literatura galega. Cantares gallegos constitui o primeiro livro escrito em galego numa época na qual a língua galega estava extinta como língua escrita. Muitos poemas do seu livro são glosas de cantigas populares; nelas Rosalía denuncia a miséria, a pobreza e a emigração massiva a que estavam obrigados os galegos, sem deixar de verter seus sentimentos e vivências pessoais.
A 17 de Maio daquele mesmo ano, Rosalía assinou a dedicatória da obra para Fernán Caballero (Cecilia Böhl de Faber y Larrea), sendo adoptada essa data por ocasião do seu centenário, como Dia das Letras Galegas (1963).

Resultado de imagem para rosalia de castro obras em portuguesEm 1880 a escritora publicou uma escolha de poemas a que chamaria Follas Novas. Num começo o poemário concebeu-se como uma continuação de Cantares gallegos: 40% dos poemas de Follas novas têm afinidade com o texto publicado em 1863, enquanto o restante das composições apresentam um diferente espírito poético motivado pelo afastamento da terra, as desgraças familiares e as doenças físicas e morais. É uma poética que afunda nos sentimentos, na saudade e que tem frequentemente, por horizonte, a fronteira do próprio ser.
Em castelhano publicaria La flor (1857), A mi madre (1863) e En las orillas del Sar (1884) e o romance El caballero de las botas azules (1867) todas elas enquadradas no movimento romântico.
Encontra-se colaboração da sua autoria, publicada a título póstumo, na revista A Leitura.
Rosalía passou os derradeiros anos da sua vida em Padrón, onde a família alugara a "casa da Matanza", que depois se tornaria em casa-museu. A morte acidental do seu filho mais novo aos dois anos e sua doença amargaram os seus derradeiros anos. 
Morreu de cancro em 1885, aos quarenta e oito anos na sua casa de Padrón. Rosalía foi enterrada no campo-santo da Adina. 

Anos mais tarde, em 1891, seus restos foram transladados para o Panteão de Galegos Ilustres, no convento de São Domingos de Bonaval, em Santiago de Compostela.
Recebeu com fervor os Santos Sacramentos, recitando em voz baixa suas prediletas orações. Pediu aos seus filhos que queimassem os trabalhos literários que, reunidos e ordenados por ela mesma, deixara sem publicar.
Nos últimos momentos, pediu  um ramo de amores-perfeitos sua flor predilecta, e achegou-a aos lábios.
Já de vista nublada a vista, pediu à sua filha Alejandra: 'Abre essa janela, que quero ver o mar', e fechou os seus olhos para sempre.

Foi enterrada no cemitério de Adina. 

Ao redor da parte central da Praça Maior de Lugo, encontram-se diferentes monumentos dedicados aos principais escritores galegos; um deles é Rosalía de Castro.

Foto de Espolón. Monumento a Rosalía de Castro






























Monumento a Rosalía de Castro















Comentários