Vamos para a Praia? -Irene Coimbra



Já estava anoitecendo
quando ele chegou,
tomou-me pela mão
e assim me falou:

“Vamos para a praia?
À noite é gostoso andar na areia
ouvindo o barulho das ondas
quebrando na beira!”

Tão carinhosa
me soou sua voz,
que não resisti
pra ficar com ele a sós.

E naquele instante
seu convite aceitei,
e com ele, alegremente,
pela praia eu andei.

Com seu braço em meu ombro,
íamos nós caminhando,
parando algumas vezes,
para o Mar ficar olhando.

As ondas vinham e molhavam,
nossos pés ali na areia,
e o Mar pra nós murmurava:
“Fiquem aqui a noite inteira!”

Não resistindo ao convite
que ele pra nós fazia,
ficamos ali na praia
até amanhecer o dia.

E durante a noite toda
para mim ele cantou
e o Mar, através das ondas,
também o acompanhou.

As ondas sempre chegavam
ali pertinho de nós
e assim a noite inteira,
ouvimos do Mar a voz.

E quando o sol foi surgindo
com sua força total,
vi nos seus olhos um brilho
que jamais vira outro igual.

E olhando para mim,
com aquele brilho no olhar,
ele disse que era assim
que sempre sonhara amar.

O Mar nesse instante
pra uma onda perguntou:
“Não é também assim
que ela sempre sonhou?”

Uma onda gigantesca
nesse momento surgiu
como que enciumada
de tudo que ali ouviu.

Vi o Mar se enfurecer
com aquela onda estranha
e tudo então revolver
com sua força tamanha.

Assustada com a mudança
que via diante de mim
a ele me agarrei
e o ouvi dizer assim:

“O Mar está furioso
porque não foi compreendido
por essa onda gigantesca
que chegou com tal ruído.

Mas pode ficar tranqüila
que isso logo passará,
você está em meus braços
e protegida será.”

Me sentindo dominada
por uma forte emoção
era como se dentro de mim
batesse o seu coração.

E enquanto seus fortes braços
me mantinham abraçada
pouco a pouco me acalmava
e não pensava em mais nada.

E como profetizara,
o Mar logo se abrandou
quando a onda gigantesca
na praia se quebrou.

Olhando para o Mar
como se hipnotizada
Eu o ouvi murmurar:

“Isso que viu não é nada!”
Sem querer acreditar
naquilo que eu ouvia
 a ele me abracei
enquanto ele sorria.

Pude então perceber
que pra ele era normal
aquilo que para mim
era um espetáculo sem igual.

Ele tentava me explicar
tudo que eu não entendia
e cada vez mais segura
com ele eu me sentia.

E no instante mais sublime
quando ele me beijou
alguém entrou em meu quarto
e--- me acordou!

* * * * *
Do livro “Simplesmente Poemas” – Pág. 142 – Irene Coimbra

Irene Coimbra

Comentários