Não sofras mais, amor, não digas nada!
Vem comigo; eu te levo. A noite é densa
e agora a voz do mar ficou suspensa,
dolorida, vibrante, apaixonada!
Não tarda muito a luz da madrugada...
Vem comigo! Não penses! Não se pensa!
Vem à conquista da aventura imensa,
vê, como eu vou, feliz e deslumbrada!
Um grande sonho me enlouquece e invade!
Vem procurar comigo a Eternidade
esse país tão vago, tão distante...
Vem, que eu busco o palácio da quimera
lá, onde seja eterna a primavera,
e a voz divina das estrelas cante!
(Virgínia Victorino)
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Sou toda eu alma e sentidos poema carnal
No canto divinal das estrelas ainda insiste
Eterna a primavera tão meiga e triste
Quimera palaciana de um sonho sentimental
Adormeço esta intensa vontade enlouquecida
Essa vaga razão perdida e tão distante
Calo no silêncio a loucura da própria vida
Cativa prisioneira de quem cedo me fiz amante
E dizes-me: - Vem comigo procurar a eternidade
Como eu morreria de um só verso para te ter
Arrasto os dias em tão penosa saudade
Sofro amor sim um sofrimento sem fim
A noite o mar a madrugada a luz que vai nascer
São instantes dor feitos de poesia em mim
...
musa
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