O ar de dia para dia se adensa em redor de ti
de dia para dia consuma minhas pálpebras.
O universo cobriu o rosto
sombras dizem-me: é inverno.
Tu no inocente espaço onde se embalam
ilhas negligentes, eu no terror
dos lilases, numa labareda de rolas,
sobre a suave, doméstica estrada da loucura.
Carrega-se cânhamo, azeitonas
mercados e anos... Eu não baixo as pestanas.
Meia-noite virá, o primeiro grito
do silêncio, o tão longo recair
do faisão entre as suas asas.
Cristina Campo
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