Ultrajante- Sílvia Regina Costa Lima



É preciso desespero... ou coragem
para abandonar o que se conhece,
enfrentar novo caminho e paisagem
e deixar que tudo (tudo) recomece.

Fugindo da dor, da fome... ou friagem,
atrás de compaixão, de uma benesse;
implorando abrigo, pão, hospedagem,
ele viaja escondido e em alto estresse.

Parece que o mundo o larga de lado
nas fronteiras - onde o lugar sonhado
está brilhando dentro de seu coração.

Mas, no porão do navio... no caminhão,
assistimos, débeis, a agonia ultrajante,
que mata, um a um, o pobre imigrante.

Sílvia Regina Costa Lima



Esse soneto de Sílvia Regina Costa Lima está na Sétima Antologia Ponto & Vírgula, lançada dia 12 de dezembro de 2015, no Hotel Nacional em Ribeirão Preto/SP.




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