Dar-te-ia
As imagens
Veladas,
Se a música que entoava através das palavras
Entre o negro das tulipas
Se fizesse ouvir.
Aquela casa branca que ruindo
Aos pés do desalento
Clamou por nós!
Cidade exangue de minhas mãos erguidas
À revoada,
Das chuvas de Outono
Fustigando a vidraça da esperança.
A música era azul.
Como azul era o meu bibe,
O meu céu, o mar que eu já adivinhava…
Tudo era azul.
O resto eram somente véus sobrepostos.
Tudo seria uma casa branca,
Etérea, nossa,
Se eu pudesse regressar aos teus braços, minha mãe,
Dar-te o meu abraço de alfazema doce.
Tudo o resto, seriam somente devaneios meus,
Ao som de piano e de guitarra.
Belas casas cor de rosa
Na guilhotina do tempo.
Dar-te-ia
A voz dos riachos,
O ranger da porta do meu quarto
As frases dos meus primeiros livros,
Os meus primeiros versos…
Esta trémula alegria.
Ai cidade que fazes estancar o sangue de um sorriso!
Casa branca de paixão
por minhas mãos inventada,
Ruindo aos pés do desalento…
Dar-te-ia todas as imagens
Veladas,
Se a música que então entoava
através das palavras
E o negro das tulipas
Se fizesse ouvir
Entre o meu bibe azul
E os sorrisos estancados nos lábios colados
De todas as gentes,
Entre o teu olhar sereno de outrora,
Mãe
E este meu desassossego
Fizesse retornar o Tempo.
© Célia Moura
– A publicar “Terra de Lavra” [15/02/2013]
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