Cá dentro da minh'alma de mulher,
Alma feita de sonho e de incerteza,
Sedenta de afeição e de beleza,
Quantas coisas sonhei p'ra te dizer!...
Quantas coisas sonhei p'ra te escrever!...
Jamais mulher alguma, com certeza,
Cantou com tanto amor, tanta tristeza,
O bem que desejou sem nunca o ter!...
Porque a chaga mais viva, que mais dói,
Não é saudade do que a vida foi...
Ninguém nos rouba um doce bem vivido.
A mágoa do que foi é suportável;
É bem mais funda a mágoa irreparável
Daquilo que pudera, enfim ter sido!...
Marta de Mesquita da Câmara
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