Na crista de espuma de um ciclo sem fim,
em ondas de saudade que o tempo penteia,
perguntei ao mar se me levava ao outro lado.
E o mar, calado, escorrendo no seu frenesim,
lágrimas de sal, que ao vento presenteia,
em gotas de odor, num rosto inebriado.
Velas solitárias, balouçam a vaguear,
nas vagas do sonho que não morre.
Nos tempos nostálgicos e desnudos,
a saudade deixa-se beijar,
pelo desejo que em mim percorre,
no silêncio dos meus gritos mudos.
João Murty
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