Poema alado, grito que rasga a monotonia,
prorrogado nas frases do verso inacabado.
Soa na noite, rompendo o silêncio profundo.
Ébrio na mente, dança ao ritmo jucundo
do som projetado pelos dedos no teclado,
vai ganhando forma, em cada hora tardia.
Som de um punhado de letras,
lançado aos ventos da alvorada.
Grito calado, que sufoca a solidão,
Vai nas asas do tempo, preso por fiapo cordão
ao papel da vida! Deambula por curvas e retas,
num corpo de mágoas em alma cansada.
Em cada poema que escrevo, me ausento,
e saio por aí à procura de quem não sou.
Galgando montes, atravessando o mar,
respirando mil ares, habitando ventanias.
Cavalgo a ilusão do tempo, cevando os dias.
Na rota da poesia, a musa é saga e alimento,
púlpito celeste que me indica por onde vou.
Alma e corpo, pra de novo me reencontrar.
E tu musa, visão que dança na minha mente,
em delírios me lanças achas flamejantes.
A esperança de te ter, se extinguiu,
ao frio do inverno, sucumbiu.
Consumindo-se num encanto permanente,
onde os instintos exultam fulgurantes.
E tudo o que harmonicamente me mostraste,
à luz do formoso clarão da aurora eterna.
É sentir na alma, um mundo que tanto dói.
É ter corpo e vida que docemente se destrói.
Em nimbos de palavras me inspiraste,
colorindo meus sonhos em dimensão fraterna.
João Murty
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