Na primeira noite insone,
O estranhamento
Na segunda,
O inevitável
E como não haveria de haver:
Corpos pulsantes
Em franca combustão
Consequência primeira da tal química
que desafia a lógica da lógica?
Eis a síntese da avença
Por assim dizer havida:
A exaustão em êxtase
A pele arranhada
O lábio adormecido
E a sôfrega e rara sensação de saciedade
Em tão contrapostos gênios:
O conto e a conta,
A poesia e a pragmática
O abstrato e o concreto
O preto e o (no?) branco
(ou haverá sido a visão torta do míope
cuja perspectiva não advém das lentes que se põem
sobre seu nariz?)
E então a graça – em sua plena e legítima ambiguidade:
O possível; o estar e não-estar; o imprevisível
E os sonhos que se levam na mala
Ou que se escondem sob o travesseiro
E o riso recôndito
Que se ri de si mesmo
Por imaginar em ti as tantas interjeições que
Nesse instante se fazem
Ou ainda hão de se fazer.
Poema de Gabriel Magalhães Borges Prata
Primeira Antologia "Ponto & Vírgula"
Pág. 51 - Editora: PerSe - 2012
Coordenação: Irene Coimbra
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