Rugosa dureza que respiro
cerrado silêncio
rastro das nuvens que partiram
quartzo das montanhas da Nave
xisto azul dos montes Dúrios
- Pedras machos me pariram
Partido e repartido sob linhas férreas
no forro a côdea do sol e o salário
dos passos ingénuos, degraus de vinhas
e suor e sonho de maltas que saibraram
as entranhas do fogo e as vísceras do mar.
- Pedras fêmeas me criaram
Minha cidade de funduras compacta
granitos «dente de cavalo» entre os quais
corre uma língua de espelhos marginais
granitos que sobem no ímpeto das torres
e olham, olhos facetados, o sonoro
poente das clarabóias, íris ardendo
- Pedras da minha pedra onde morro e moro.
Luís Veiga Leitão
(Rosto Por Dentro)
In “Biografia Pétrea”
Thesaurus Editora
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