Morro do Bosque- Luiz Puntel



Calças curtas,
no coração um pouco de medo,
um muito de coragem nos bolsos,
misturada a bolinhas de gude,
cordinhas de piões,
utensílios nada alpinísticos,
lá ia eu a escalar a enorme montanha...
- E não era o Everest o Morro do Bosque?
Pés aqui, mãos ali,
eu, pequenino ser,
aos pés dela, majestática visão!
O friozinho na barriga,
meu corpo se colando às rochas.
Minh’alma se agarrando à devoção
na Mãe divina,
minha Nossa Senhora das Quedas Fatais!
Me segura, minha santa,
não vá a dona Isadora,
minha mãe terrestre,
me lambar o corpo magro
pelas estripulias de moleque!
O alpinista que nunca fui
sorria escaladas,
assim que...
Ufa! Consegui, meninos!
E de lá,
são e salvo no alto do morro,
eu via a cidade lá embaixo,
com seus prédios, carros e gente
nas ruas.
Eu, dono do mundo,
caminhava passos firmes,
em direção Bosque a dentro,
contente de escalar o mundo.
Não sabia, no entanto,
que viriam outras montanhas
pela vida afora, Nossa Senhora!


Poema de Luiz Puntel
Primeira Antologia "Ponto & Vírgula"
Pág. 81
Editora: PerSe
 Coordenação: Irene Coimbra








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