Eles não sabem que o Tempo
se curva em veneração
ao voo breve dos Anjos.
Eles não sabem que os anos
se resumem a asas,
não dias,
nem meses,
nem estações,
quando regresso ao instante
em que partiste.
Eles não sabem que as mães
têm um coração diferente,
inviolável ao Tempo,
descrente de esquecimento,
só sensível à saudade
e às cores que o céu desmancha
quando me vens espreitar
nas tardinhas de sol doce.
Eles não sabem que os filhos
são a nossa melhor moldura,
a aura que nos perdura
- ainda mais se sorrisos
e balbuciares embevecidos
embrulhados em lembranças,
são tudo o que restou
de tanto amor amealhado
para o bragal duma Vida
que não chegou a noivar -
se limitou a voar,
levando como grinalda
a minha alma enfeitada
de flores brancas de saudade....
(escrito em 22 de Dezembro de 2002)
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