De seu nome completo José Francisco Trindade Coelho, nasceu em Mogadouro em 18 de Junho de 1861. Aí fez os primeiros estudos, nomeadamente na área de Latim, com o apoio de dois padres. No Porto, fez os estudos secundários. A terceira etapa era Coimbra, onde concluiu o curso de Direito. Embora os pais fossem ricos (a Mãe morreu ainda ele era jovem) a verdade é que ele chumbou no 1º ano do curso de Direito e o pai cortou-lhe a mesada, pelo que Trindade Coelho teve que arranjar forma de ultrapassar as dificuldades. Começou a dar explicações e a escrever em jornais. Entretanto casou e apareceu um filho, facto que mais complicou a sua vida, enquanto estudante. Chegou a ter um esgotamento.
Nesse período, em Coimbra, Trindade Coelho escrevia nos jornais com o pseudónimo de Belistírio. Também fundou, nessa época, duas publicações: Porta Férrea e Panorama Contemporâneo. Após a conclusão do curso permaneceu em Coimbra, como advogado. Mas a clientela era pouca e ele enveredou pela carreira administrativa. Ingressa na magistratura e é colocado como Delegado do Procurador Régio, na comarca de Sabugal. Sabe-se que para obter esse lugar, foi precisa a «cunha» de Camilo Castelo Branco, que o admirava, literariamente. Nesse lugar foi Trindade Coelho um magistrado de elevadíssima craveira moral.
Trindade Coelho, natural de Mogadouro, a sua obra reflete a infância passada em Trás-os-Montes, num ambiente tradicionalista que ele fielmente retrata. O seu estilo natural, a simplicidade e candura de algumas das suas personagens, fazem de Trindade Coelho um dos mestres do conto rústico português de que hoje vamos ouvir um exemplo. Fiel a um ideário republicano, dedicou-se a uma intensa atividade pedagógica, na senda de João de Deus, tentando elucidar democraticamente o cidadão português.
Foi depois transferido para a comarca de Portalegre. Aí fundou dois jornais: Gazeta de Portalegre e Comércio de Portalegre. Entretanto granjeara fama e os políticos da época quiseram fazer dele um deputado. Como não podia candidatar-se pelo círculo onde trabalhava, foi transferido para Ovar. A última etapa profissional foi Lisboa, onde não teve tarefa fácil por causa do Ultimato Inglês, durante o qual ele teve que fiscalizar a imprensa da capital. Desgostado com as críticas que lhe faziam transferiu-se para Sintra, em 1895. Chegou a ir a África (Cabo Verde) defender 33 presos políticos. Ao fim de 3 meses regressou vitorioso, porque conseguiu libertar os presos, prendendo os acusadores.
Trindade Coelho continuou a escrever nos jornais: Portugal, Novidades, Repórter e fundou a Revista Nova, onde publicou os Folhetos para o Povo. Era um homem inconformado. Apesar da fama de magistrado, do prestígio como escritor, e da felicidade conjugal, Trindade Coelho não era um cidadão feliz. À medida que avançava no tempo mais se desgostava com a vida, pelo que o desespero o levou ao suicídio em 9 de Junho com 47 anos de idade. Deixou uma obra variada e profunda, distribuída por quatro vertentes: jornalismo, caráter jurídico, intervenção cívica e literária. Como obras literárias deixou: Os Meus Amores publicado em 1891 com inúmeras re-edições e “In Illo Tempore” (livro de memórias de Coimbra, editado em 1902). Em 1961 comemorou-se o primeiro centenário do seu nascimento e nessa altura publicou-se “O Senhor Sete”, volume onde se reuniram os seus trabalhos dispersos. Há também a sua Autobiografia, por ele escrita, em 1902, - dirigida à sua tradutora alemã Louise Ey. Esta autobiografia, quase sempre aparece na parte final da edição de “Os meus amores”.
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