Quantas vezes nos esquecemos de ser gratos pelas mais pequenas coisas, talvez por as julgarmos pequenas e demasiado óbvias, ou por as julgarmos adquiridas.
Questiono-me várias vezes acerca deste assunto na minha conduta, porque voluntária ou involuntariamente acabo muitas vezes por sentir que não sou grata o suficiente. Ou porque me esqueci, ou porque não tive disponibilidade na azáfama dos dias, ou pior porque nem sequer me dei conta de coisa nenhuma.
Vou dar um exemplo do mais simples que existe. Quando foi o meu aniversário, muita gente se lembrou de mim, e eu quis agradecer uma a uma às pessoas que o fizeram, apesar de não ser tarefa fácil, tanto por mensagem como no mural. Consegui de algum modo para com algumas pessoas fazê-lo, mas por circunstâncias várias não o consegui fazer a todas o que me entristeceu. E o facto de eu ter deixado uma mensagem geral de agradecimento no mural para mim não me serve de consolo.
Talvez eu seja um pouco exigente comigo. Sou sem dúvida sob diversos aspectos.
Regra geral nem sequer somos gratos ao empregado da pastelaria que nos serve o café pela manhã, porque achamos que não temos que o ser, nem sequer agradecemos a alguém que sai de um edifício público e delicadamente nos segura a porta para não levarmos com ela em cima, e no trânsito então, quantas vezes agradecemos a gentileza do condutor que nos dá passagem, já para não falar na atitude dos peões nas passadeiras!
Poderia estar aqui a citar exemplos a manhã inteira, mas não há necessidade porque somos conscientes o suficiente para sabermos o quanto praticamos ou não a gratidão.
Este é o tipo de gratidão que designo básica. Porém, existe uma outra que ninguém consegue ver, a não ser nós mesmos e essa reside ou não dentro de nós. Evoluí ou simplesmente nunca aconteceu.
É a que nos faz ver a existência de uma forma totalmente diferente. É aquela que tem a percepção de que nada nos pertence, nem sequer a vida que chamamos de nossa, e que na verdade tudo o que usufruímos aqui nos é emprestado por Alguém ou Algo superior, não importa o nome que lhe possamos dar.
A verdade é que a ilusão da Humanidade não consegue enxergar essa Generosidade, como tal não tem capacidade para praticar essa gratidão genuína e quantas vezes despreza os Dons com os quais capacita cada um de nós.
Sejamos gratos por cada fôlego de vida porque não sabemos até quando teremos essa oportunidade.
Célia Moura, 13.VI.2015
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