Talvez a noite
tenha dedos de vento.
Talvez haja um piano no telhado
ou um tamborim na varanda à chuva
um djambê improvisado
com lonas sobre o cimento
na rua escura
a desconstrução melódica
da minha insónia
tresmalhando notas de loucura
prolongando longínquas raivas
à leveza rítmica de mil pés
sobre um tablado
cadências fora de mim
e tão íntimas:
águas, marés
em desnorteio coordenado
dentro de mim.
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