É muito importante, é mesmo decisivo, vivermos de “Esperança”
renascida e, em cada ano que se inicia, a renovação deste sentimento, estado de
espírito, o reforço de uma convicção que, algum dia se tornará realidade, faz
com que as pessoas otimistas continuem a acreditar e a “lutar” por um futuro melhor, a que têm direito, e pelo qual a
sociedade se deve manter unida, sem desanimar, pensando sempre que, “mais cedo ou mais tarde”, todas as
pessoas terão a sua oportunidade.
Como bem refere o adágio popular: “Ano Novo, Vida Nova”. Sabe-se que, para
a maioria dos portugueses, o ano que findou em 2017
não deixa saudades, porque: o nível das suas vidas não melhorou; a situação
geral do país também não gerou as melhores expectativas; manteve-se o
desemprego ainda muito elevado, apesar de ter baixado um pouco; a carga brutal
de impostos, continuou insuportável; centenas de milhares de pessoas no limiar
da pobreza, onde as crianças sofrem, atrozmente, esta realidade, passando fome;
reformados e pensionistas com os seus parcos rendimentos parcialmente subtraídos;
a emigração que atinge níveis preocupantes, na qual os nossos jovens, e quadros
especializados abandonaram o país. Outras situações ensombraram este
maravilhoso país de estóicos.
Mas se o Ano Novo pode corresponder a “Vida Nova”, então é necessário que a
sociedade se mentalize para tudo fazer, no sentido de cada pessoa dar o seu
contributo, a sua quota-parte, para que a situação se altere, porque não se
podem atribuir, exclusivamente, aos governantes nacionais, empresários e outros
agentes económico-financeiros, a totalidade das responsabilidades da situação
degradante a que muitas famílias e organizações chegaram.
Naturalmente que a “Vida Nova” deve ser analisada pelos dois lados: de quem nos governa;
e dos cidadãos em geral, porque é nesta dicotomia que o todo se justifica, e se
deve unir: patrões e trabalhadores; governantes e governados; letrados e
analfabetos; religiosos e leigos; instituições e colaboradores; associações e
associados, enfim, todos juntos, com coragem, determinação e objetivos comuns,
é possível viver-se uma “Vida Nova”,
mais: solidária, fraterna, confortável, segura e feliz, felicidade aqui
considerada como um estado de espírito, que nos dá a certeza de realização
pessoal, de alegria, de bem-estar geral.
O passado fica inscrito na memória de cada pessoa.
Grande parte dos sofrimentos, dos desgostos, dos sacrifícios, das humilhações,
e muitas outras indignidades, não são esquecidas, ficam como marcas indeléveis,
para que no futuro tais situações não se repitam, e que devam ser entendidas
como lições de vida: quer para quem as provocou; quer para quem as sofreu. O
passado, por mais tenebroso que seja, fará sempre parte da História da
Humanidade, dos grupos, das instituições, das famílias e das pessoas,
individualmente consideradas.
O mais interessante, neste presente que se vive
aceleradamente, neste novo ano que nos traz a Esperança de uma “Vida Nova”, é termos a capacidade, a
vontade, a coragem e o entusiasmo de iniciarmos a construção de um futuro
promissor, de prosperidade, de harmonia, de segurança do direito, das
instituições, das famílias e das pessoas.
Admitir que a inteligência e o querer humanos podem
reverter, positivamente, quase tudo o que de menos bom se tem vivido, é um dos
pilares para vencermos. Acreditar no poder da mente, na dignidade da pessoa,
verdadeiramente humana, vai permitir dar o “salto”
qualitativo de que tanto necessitamos.
Ao entrarmos num “Novo Ano”, fica para trás: um conjunto muito vasto de boas e más
recordações; de situações confortáveis e de outras que degradaram a qualidade e
o nível de vida de milhares de pessoas; de medidas legais que foram tomadas e
executadas, contra os mais elementares direitos das pessoas, nomeadamente, a
garantia da segurança do próprio Direito num Estado Democrático, porque o que
ontem era verdade, por exemplo, direitos adquiridos e consolidados, hoje, em
diversos casos, é precisamente o contrário, por isso, também nestes aspetos, é
necessário renovarmos a confiança.
A Esperança poderá entender-se como um sentimento,
ou um pressentimento, de “algo” de
bom que vai acontecer, que desejamos venha a ocorrer, obviamente, para melhor,
num determinado aspeto da vida individual, empresarial, política, religiosa,
societária, é sempre uma boa perspetiva.
Mas também podemos aceitar a Esperança como um
estado de espírito otimista, que alimenta expectativas sobre a realização de
sonhos, desejos, projetos, independentemente da sua concretização vir, ou não,
a verificar-se.
O ano que agora se inicia (2018),
que se aproxima, já, do final da segunda década, deste novo século XXI, tem de
ser o início da “viragem”, para bem
melhor, de uma vida digna para todas as pessoas, o que implica uma atitude
diferente de cada uma, e que deve começar pelo Respeito.
Na verdade: «O
Respeito é um sinal da consciência de união entre os seres e, no trabalho, ou
em qualquer outra situação, as funções de cada um não se definem num jogo de
autoridade, mas num jogo de cooperação e co-criação. O não reconhecimento de
diferenças entre os seres humanos, na sua essência, permite que funcionemos
entre uns e outros de forma harmoniosa, e a capacidade de comunicação e
realização entre todos aumenta consideravelmente». (FERREIRA, 2002:194).
Em bom rigor, sem Respeito, a que se poderia
acrescentar alguns valores indispensáveis à dignidade da pessoa humana, tais
como: solidariedade, amizade, lealdade, gratidão, cumplicidade, reciprocidade
e, ainda, direitos fundamentais como a: educação, formação, trabalho,
habitação, liberdade em todas as suas dimensões, constituição de família nas
formas que se considerar mais adequadas aos respetivos sentimentos, portanto, o
Respeito de uns pelos outros, certamente será a mola real para nos impulsionar
para uma “Vida Nova”.
O Respeito implica, necessariamente, a recusa
perentória de quaisquer juízos de valor preconceituosos, e infundamentados,
porque se deve salvaguardar a “presunção
de inocência” de quem quer que seja, independentemente de estatutos
económicos, financeiros, académicos, políticos, religiosos, profissionais,
institucionais.
É claro que se podem, e devem avaliar os
comportamentos de determinadas pessoas, quando eles colidem com as mais
rudimentares regras da boa educação e do Respeito, quer em relação a nós, quer
quando afetam a reputação e dignidade de pessoas que connosco se relacionam.
Temos, mesmo, o dever, de nos resguardarmos e protegermos a nossa família e
amigos verdadeiros.
O Respeito implica consideração pelo outro, num
contexto de uma sociedade civilizada, mas não só. Sociedade na qual todas as
pessoas tenham acesso às oportunidades que possibilitem um maior e melhor
desenvolvimento, garantias de uma velhice tranquila, em que os direitos
adquiridos possam ser melhorados, todavia, em circunstância alguma, retirados,
obviamente, partindo-se do princípio que quando atribuídos, eram legais.
Esperança e Fé, naturalmente, são conceitos
diferentes, porém e numa certa perspetiva, compatíveis, se assim o desejarmos,
porque se: a Esperança alimenta a possibilidade de realização de um sonho, de
um desejo, de um projeto, a solução favorável de situações desagradáveis, que encaminha
para um futuro indeterminado no tempo; a Fé remete-nos para uma dimensão
espiritual, que envolve crença religiosa, num Ser Supremo, que nos possa
ajudar, que nos dá a certeza de que esse apoio irá ocorrer, por isso, é com
estas duas dimensões da pessoa humana que deveremos festejar este “Ano Novo”, melhorando tudo o que há de
positivo em nossas vidas e assumindo, responsavelmente, o que de menos bom está
inscrito no nosso passado.
Com este estado de espírito, interiorizemos, então o
seguinte: «Sempre existe uma luz, mesmo
na miséria, em baixo de uma ponte num dia de chuva. Sempre existe uma luz,
mesmo que seja a de uma vela, para nos mostrar que celebrar vitórias é uma
maneira de nos aproximar de um milagre: o milagre da Fé.» (ROMÃO,
2000:132).
A condição superior da pessoa humana envolve,
portanto, dimensões, regras, princípios, valores, sentimentos e emoções que,
por sua vez, geram atitudes e comportamentos, mais ou menos isolados, decisões
e respetivas realizações. Assumamos, então, mais um “Novo Ano” com Esperança e com Fé, trabalhemos todos para que a
partir de agora o caminho a percorrer, rumo ao “Porto Seguro” do conforto, da
estabilidade, do Respeito e da liberdade nos devolva a dignidade a que temos
direito.
Reforçar e alimentar as chamas da Esperança e da Fé
num futuro auspicioso: é um dever que impende sobre cada pessoa em particular,
como também sobre quem, de alguma forma, nos governa; conseguir erradicar as
consequências de medidas gravosas, tomadas no passado, contra a dignidade das
pessoas, são a prova de que vale a pena acreditar num horizonte de confiança
que nos será proporcionado por quem detém alguma forma de poder. A Esperança e
a Fé não podem morrer.
Finalmente, de forma totalmente pessoal, sincera e
muito sentida, desejo a todas as pessoas que, verdadeiramente, com
solidariedade, amizade, lealdade e cumplicidade me têm acompanhado, através dos
meus escritos um próspero Ano Novo e que 2018 e
muitas dezenas de anos que se seguem, lhes proporcionem o que de melhor possa
existir, e que na minha perspetiva são: Saúde, Trabalho, Amizade/Amor,
Felicidade, Justiça, Paz e a Graça Divina. A todas estas pessoas aqui fica,
publicamente e sem reservas, a minha imensa GRATIDÃO.
Bibliografia.
FERREIRA, Maria Isabel,
(2002). A Fonte do Sucesso. Cascais: Pergaminho.
ROMÃO,
Cesar, (2000). Fábrica de Gente. Lições de vida e administração com capital
humano. São Paulo: Mandarim.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
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