Minha desgraça- Alvares de Azevedo


Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco....

Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro....
Eu sei.... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro....

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
E' ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.


Alvares de Azevedo















Comentários

Hi Cristina, é bonito, sim. Gosto da ironia do poeta, sobretudo na última quadra. Abraço!