Decorridos que estão mais de oitocentos e setenta
anos, após a independência de Portugal, em 1143, para, posteriormente, Sua
Santidade o Papa Alexandre III, através da Bula Manifestis Probatum, reconhecer
Dom Afonso Henriques como ‘Rex’, em 1179, o nosso país tem sido
um território cujo povo nunca baixou os braços, independentemente dos períodos
menos bons como foram, por exemplo, e entre outros: os que respeitam à
Inquisição, ao domínio Filipino Espanhol, à ditadura do século XX, às guerras
coloniais e, finalmente, este período excelente, em que ainda vivemos, a partir
do último quartel do século passado, porque foi possível recuperar e viver em
democracia plena.
Os Portugueses, com o seu espírito responsavelmente
“aventureiro”, como diria o poeta: “Por
mares nunca dantes navegados”, iniciaram a sua expansão logo no início do
século XV, começando por navegar ao redor da costa africana, passando à Índia,
ao extremo oriente e, já no dobrar do século, precisamente, em 1500, chegariam
ao Brasil. Entre outros ilustres navegadores, pode-se destacar aqui o
contributo de: Gil Eanes, João
Gonçalves Zarco, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Fernão de Magalhães, Gonçalo
Velho Cabral, Diogo Cão, entre muitos outros que: “Deram ao Mundo, Novos Mundos”.
A missão evangelizadora
esteve quase sempre presente durante o denominado período dos “Descobrimentos
Portugueses”. Igualmente a “conquista” de novos territórios, foi outro objetivo
dos Portugueses, que não deve ser descurado e, também, a mercantilização de
bens, de diversa natureza: sedas, pedras preciosas, especiarias, madeiras.
Neste período, de grande esplendor, também existem “nódoas negras” a “sujar o
oceano da dignidade humana”, e que hoje temos de assumir, mesmo que à época,
não fossem consideradas como tais.
Com efeito, a
escravatura, a “comercialização” de pessoas, são pingos de sujidade, neste
imenso lençol de grandes feitos heroicos, e isso há que avocar sem complexos,
porque a mentalidade, a cultura, os objetivos de uma época, que se enquadrou no
período medieval, eram diferentes dos que se vivem atualmente.
Com grande probabilidade
de certeza, hoje, primeiro quarto do século XXI, pode-se afirmar que existem
Portugueses em quase todos os países do mundo. O espírito de “luta” por uma
vida melhor, tem levado milhões de Portugueses aos quatro cantos do globo
terrestre. A capacidade de adaptação, os modos brandos e humildes dos nossos
compatriotas, são uma “marca” de reconhecido prestígio mundial.
A Diáspora portuguesa é,
talvez, o nosso maior símbolo de identidade e coesão nacional, um valor
acrescentado à soberania nacional. As nossas comunidades, espalhadas por todo o
mundo são, efetivamente, uma referência da nossa internacionalização, de que
nos devemos orgulhar, porque com trabalho, profissionalismo, educação,
humildade, respeito pelos usos, costumes, tradições e leis dos países de
acolhimento, soubemos conquistar, com simpatia e afabilidade, a boa hospedagem,
que nos é concedida em qualquer parte do globo.
Portugal tem fornecido à
comunidade internacional o que de melhor possui: uma mão-de-obra altamente
qualificada; especialistas de reputada competência; investigadores, cientistas,
técnicos em todas as áreas do conhecimento, da mais alta reputação; também no
domínio político, cultural e religioso, não pedimos “meças” a ninguém, porque
fomos educados, formados e preparados para o trabalho, para o desenvolvimento,
para o exercício de princípios, valores e sentimentos humanistas.
O facto de Portugal ser
um país de poucos e fracos recursos naturais, nunca foi impeditivo dos
Portugueses se envolverem, e afirmarem, em granes projetos transnacionais,
muito menos de ficarem à espera de “esmolas”. Pobres sim, respeitados e
admirados, também. Um país pequeno, porém, com uma História que faz “inveja” a
muitas grandes e poderosas potências mundiais.
Há, portanto, motivos
muito fortes para se comemorar, com a humildade e dignidade que nos
caracteriza, a nossa existência como país, e como povo, por isso o “Dez de
Junho”, que tem por designação oficial: “Dia
de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, pretende manter bem
viva e, se possível, reforçar, a nossa autoestima e o orgulho de sermos
Portugueses.
Apesar do que melhor se
tenha dito de Portugal e dos Portugueses,
o que naturalmente não revela nenhum complexo por parte do autor, hoje,
primeiro quarto o século XXI e decorridos mais de quarenta e quatro anos depois
de instaurada, com cravos vermelhos, a Democracia, um outro valor, não menos
importante e, porventura, com alcance universal, a LUSOFONIA está a ser
reconhecida nos grandes areópagos internacionais, motivo de orgulho para todas
as pessoas que utilizam a língua difícil, mas muito flexível que o grande poeta
português. UIZ VAZ DE CAMÕES nos legou, quem sabe se, para nos unir cada vez
mais e melhor.
Diamantino Lourenço Rodrigues de
Bártolo
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