A mulher sábia e bondosa
No desespero da litania
Traz nos lábios a cantoria
Da prece doce e milagrosa
Que reza no dia a dia
De olhos cansados mãos rugosas
O rosto sereno intemporal
Como se o avental do milagre das rosas
Escondesse o segredo transcendental
E nos lábios o silêncio sepulcral
O mistério a ciência e a litania
Ou a meiga melancolia
Da oração divinal
Soma aos dias saber e sentir
Do que reparte a dividir
Sereno e sagrado olhar
Das horas que embala no regaço
Dos pés que se fazem ao caminho
Traz na alma marcado destino
Das alegrias e do cansaço
Da certeza e do desatino
Das fragilidade de vidro e de aço
A vida leva-a do avesso
E o medo possesso
A retardar-lhe o passo
Mas sempre acredita e confia
Da coragem ao abraço
Como se houvera eternidade
Feita lama barro e cinzas ainda arder
No lume aceso do fogo da vaidade
A chama quase a morrer
Na garganta a sufocar
O pranto do olhar
Doce tenacidade
O grito estridente e espesso
Quase a fingir
Dita a sorte e o sofrimento
E parece consentir
Loucura e lamento
De preces ou vã ilusão
De rezas e sabedoria
A vingar no tempo
Virtude e solidão
Ou mera poesia
…
musa
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