Federico García Lorca- biografia

Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de junho de 1898 — Granada, 18 de agosto de 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.
Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transferiu-se para Madrid, onde fez amizade com artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.

Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseia-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).

Concluído o curso, foi para os Estados Unidos e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi norte-americano. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens do Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.

Voltando à Espanha, criou um movimento de teatro chamado La Barraca. E, foi duramente perseguido por conta de sua homoafetividade.

Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua música se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) asseguraram sua posição como grande dramaturgo.

Controvérsia significante permanece sobre os motivos e os detalhes do assassinato de Lorca . Motivações pessoais, não-políticas também têm sido sugeridas. O biógrafo de García Lorca, Stainton, afirma que seus assassinos fizeram comentários sobre a sua orientação sexual, o que sugere que esse aspecto possa ter desempenhado um papel na sua morte. Ian Gibson sugere que o assassinato de García Lorca foi parte de uma campanha de assassinatos em massa que visava a eliminação de apoiantes da Frente Popular Marxista. No entanto, Gibson propõe que a rivalidade entre a anticomunista Confederação Espanhola de Direito Autónomo (CEDA) e a Falange foi um fator importante na morte de Lorca. O ex-vice parlamentar da CEDA, Ramon Ruiz Alonso García, prendeu Garcia Lorca na casa de Rosales e foi o responsável pela denúncia original que levou ao mandado de captura emitido.

Tem sido argumentado que García Lorca era apolítico e tinha muitos amigos em ambos os campos, republicano e nacionalista. Gibson contesta isso em seu livro de 1978 sobre a morte do poeta. Ele cita, por exemplo, o manifesto publicado de Mundo Obrero, que Lorca assinara mais tarde e alega que Lorca foi um apoiante activo da Frente Popular. Lorca leu um manifesto num banquete em honra do companheiro poeta Rafael Alberti em 9 de fevereiro de 1936.

Muitos anticomunistas eram simpáticos a Lorca. Nos dias antes da sua prisão ele encontrou abrigo na casa do artista e líder membro da Falange, Luis Rosales. O poeta comunista Vasco Gabriel Celaya escreveu nas suas memórias que uma vez se encontrou com García Lorca, na companhia do falangista José Maria Aizpurua. Celaya escreveu ainda que Lorca jantava todas as sexta-feiras com o fundador e líder falangista José Antonio Primo de Rivera. Em 11 de março de 1937 foi publicado um artigo na imprensa falangista denunciando o assassinato de García Lorca: " O melhor poeta de imperial Espanha foi assassinado ``. Jean Louis Schonberg também apresentou a teoria do "ciúme homossexual". O processo relativo ao assassinato, compilado a pedido de Franco e referido por Gibson e outros, ainda virá à tona. O primeiro relato publicado de uma tentativa de localizar o túmulo de Lorca pode ser encontrado no livro do viajante britânico e hispânico Gerald Brenan em "A face da Espanha". Apesar das tentativas iniciais, como Brenan, em 1949, o local permaneceu desconhecido durante a era franquista.

Segundo algumas versões, ele teria sido fuzilado de costas, em alusão a sua homossexualidade.


A Casa-Museu Federico García Lorca
Foto por Alimanja - Obra do próprio, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=8105119


A Casa-Museu Federico García Lorca é um museu da cidade de Granada, Espanha que se encontra instalado na Huerta de San Vicente (Horta de São Vicente), a casa de veraneio da família do poeta espanhol Federico García Lorca entre 1926 e 1936, pouco depois do poeta ter sido executado pelas tropas franquistas no início da Guerra Civil Espanhola. A casa foi aberta ao público como museu em 1995, após ter sido adquirida pelo ayuntamiento (governo municipal) granadino em 1985. Situa-se no centro do parque Federico García Lorca.

O museu foi inaugurado com o conjunto de móveis, quadros e objetos domésticos que havia na casa quando ela foi comprada pelo ayuntamiento. Em 1995, os únicos documentos fiáveis que existiam sobre a disposição do conjunto mobiliários eram uma série de fotografias tiradas no período 1926-1936, entre as quais se destaca a série realizada pelo pintor Eduardo Blanco-Amor, além de fotografias familiares realizadas a partir de 1918 noutros lugares onde habitou a família García Lorca, nas quais se reconhecem algusn dos móveis, obras de arte e outros objetos que atualmente se podem ver na Huerta de San Vicente. Estas fotografias permitem qualificar com precisão quais os objetos "originais" que atualmente fazem parte da decoração da casa e que formam o espaço do museu. Entre eles encontram-se o escritório do poeta, o gramofone e a sua base, o piano de meia cauda, o divã, as cadeiras de baloiço e a cadeiras Thonet, uma reprodução da Primavera de Botticelli, o espelho com moldura art déco, entre muitos outros objetos e móveis. Além das fotografias, também forma muito úteis os testemunhos das pessoas que habitaram a Huerta, em particular Isabel García Lorca e os sobrinhos Vicenta y Manuel Fernández-Montesinos.

O resto dos móveis, objetos (loiças, cerâmicas e utensílios domésticos como o bengaleiro, a toalha de mesa, ou rústicos, como a queijeira, etc.) outros documentos e obras de arte que hoje estão expostos no museu foram parte do recheio da Huerat em alguma época entre 1926 e 1936 ou pertenceram em algum momento à família García Lorca, segundo se depreende das recordações dos familiares.

A Casa-Museu não esconde os elementos de ficção inevitáveis nem a evidência de que o que o visitante contempla não é exatamente o que os seus habitantes viveram. São salientadas as diferenças entre os diversos objetos (os documentados como originais, os pertencentes à família e os de época ou de ambiente) e a sua relação exata com a casa no período 1926-1936. O conjunto é simples e elegante, e procura tornar compreensíveis aspetos da vida e obra de Federico García Lorca a partir do passeio impressionista pelos espaços da sua intimidade doméstica. É assumida a tensão inevitável entre as perspetivas científicas e turísticas, entre a memória e o mito, e procura oferecer um melhor conhecimento da vida e obra de Lorca no fim da visita.

















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