Travessia- Eduardo Mesquita


Não basta dizer que se quer viver de amor,

com paz e alegria para sempre no coração,
quando num momento apenas se oferece a dor,
a alguém que se deixa a sofrer na solidão.



Não pode ser só de um o que é de dois,
quando numa união se jura a fidelidade
aquilo que se tinha antes ou depois,
no amor é de ambos para a eternidade.



Acaba-se o verdadeiro, o prometido,
a dedicação e a pureza de um sentimento,
quando o gesto de deixar só é repetido,
também se acaba aí todo o fingimento.



É com um quase nada que tudo começa,
quando na raiva de um grito a razão desaba,
é com um quase nada que o tudo tropeça,
com o quase nada em que tudo acaba.



Eduardo Mesquita

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