A comunicação é uma daquelas atividades humanas que
todos conhecem, mas poucos conseguem definir, pelo menos no seu sentido mais
abrangente, desde logo, porque, e simplesmente, a comunicação: é falar uns com
os outros; é televisão, rádio, imprensa, internet; é divulgar informação; é o
próprio penteado; é a obra de arte, qualquer que seja o seu estilo e época; é a
crítica literária.
Se se partir da premissa, segundo a qual, o
comportamento não tem oposto, porque não existe o não-comportamento, isto é, um indivíduo não pode não-se-comportar, e se se aceitar que
todo o comportamento tem valor de mensagem, ou seja, é comunicação, então é
impossível o indivíduo não comunicar, porque: atividade ou inatividade; palavra
ou silêncio; tudo possui um, valor de mensagem, influencia outros e estes
outros, por sua vez, não podem não-responder
a essas comunicações e, portanto, também estão comunicando.
A mera ausência de falar ou de observar não
constitui exceção e, deste modo, uma pessoa que se encontre, por exemplo, de
olhos fechados, silenciosa e quieta, poderá estar a comunicar que não quer
falar com ninguém, nem que falem com ela.
Pode-se ficar com a ideia de que o ser humano está
sujeito à inevitabilidade de comunicar,
que consiste no facto de ninguém ser capaz de não-comunicar, porque a simples presença de um indivíduo envolve a
emissão de mensagens, com significados determinados, para os seus intérpretes.
Voluntária ou involuntariamente, o comportamento humano tem sempre um valor de
mensagem para quem o lê.
Tomando por base a etimologia, a palavra
comunicação deriva do latim “communis”,
que significa comum e comunicar poderá, então, significar, tornar comum,
inaugurando a passagem do individual ao coletivo, entendido como condição de
toda a vida social.
E se inicialmente o termo significava troca de palavras, de coisas, de bens e
serviços, hoje, assume um sentido não material, porque se trata de uma troca de
mensagens significativas, e que envolve determinados elementos: emissor;
recetor; código; mensagem; canal e ruídos.
Também se invoca um outro conceito da palavra
comunicação humana, como sendo um processo bidirecional, que relaciona, pelo
menos, dois indivíduos, envolvendo diversos fatores ou elementos, estes já antes
indicados.
Neste conceito a palavra comunicação: «deriva do verbo latino communicare –
conversar, trocar ideias, expor e consultar. Relaciona-se, ainda, com a ideia
de commnunitas – comunidade ou comunhão. Partilhamos e trocamos conhecimentos,
sentimentos as experiências de modo a alterarmos reciprocamente os nossos
comportamentos.» (cf. MARQUES; RAPOSO, s.d.:3).
Também poderemos perspetivar uma outra noção de comunicação, segundo a
qual: «Em qualquer projeto, a comunicação
entre as pessoas é fundamental. É no ato comunicativo que partilhamos ideias/propostas,
analisamos a situação atual e delineamos as fases seguintes. Segundo os
dicionários portugueses, a palavra comunicação deriva do latim comunicare, que
significa “tornar comum”, “partilhar”. A comunicação pressupõe, deste modo, que
algo passe do individual ao coletivo. Os seres humanos são obrigados a cooperar
uns com os outros, formando grupos/redes para alcançar certos objetivos que a
ação individual isolada não conseguiria alcançar.» (FERNANDES, 2014).
A comunicação é, pois, uma inevitabilidade cultural
e antropológica, sempre acompanhada de atitudes, e pode ser de dois tipos:
verbal, que constitui a forma privilegiada da comunicação pela palavra falada
ou escrita; não-verbal, que enfatiza, clarifica, exemplifica e contradiz os
elementos verbais.
Os indivíduos agem e comportam-se socialmente: uma
conduta individual toma as outras pessoas como objeto e, essas pessoas, são
interlocutoras e parceiras, respondem às ações do indivíduo considerado, embora,
as relações não sejam sempre desta forma.
À comunicação corresponde um determinado efeito
social, já que dela resulta a modificação do comportamento ou da convicção do
recetor, porque misturando elementos intencionais, e devidamente calculados,
com elementos espontâneos e, até certo ponto, involuntários, a comunicação
produz mudanças variadas nos comportamentos.
Por isso se pode aceitar que a primeira forma de
interação humana, a estudar, é a comunicação, que se pode entender como sendo
um mecanismo que sustenta a existência, desenvolvimento e transmissão das
significações entre as pessoas.
A comunicação humana não pode pré-existir às
relações entre os indivíduos, pois consiste em criar um estado de espírito
comum entre aquele que comunica e aquele que recebe a comunicação, o que supõe
relações anteriores. Reciprocamente, uma sociedade não funciona se não existir
a comunicação.
Os homens não são máquinas, e toda a interação
humana subentende a mediação de ideias que são comunicadas. Daqui podem
extrair-se conclusões interessantes, no quadro das relações humanas
quotidianas, como por exemplo: a relação professor-aluno pode levar a pensar em
bases segundo as quais o aluno, sujeito-alvo, atribui poder ao professor,
agente-influenciador e, certamente, reconhecer-lhe poder de competência; por
sua vez, o professor poderá reconhecer ao aluno poder de recompensa e de
punição, através da simpatia ou antipatia que o aluno demonstra.
Quando se abordam as questões da comunicação, um
dos tipos que se discute, coloca-se ao nível da comunicação verbal, diretamente
conotado a uma língua, esta considerada indispensável na produção de
documentos, que transmitem informação diversa, conforme a sua origem,
destinatários e objetivos, comportando em si mesmo significações, que o leitor
terá de interpretar corretamente, no sentido que o remetente pretende dar à
informação produzida.
O que, imediatamente, se infere desta reflexão, é a
importância de dominar muito bem a língua que se utiliza na comunicação verbal,
porque: «Falar uma língua é adotar uma
forma de comportamento regido por regras, sendo estas regras de uma grande
complexidade. Aprender e dominar uma língua é (interaliar) aprender e dominar
estas regras. Este é um ponto de vista familiar à filosofia e à linguística,
mas dele nem sempre se tiraram todas as consequências.» (SEARLE, 1981:21).
Naturalmente que existem algumas orientações para
se introduzirem regras (há quem lhes chame truques), simples e acessíveis à
linguagem popular, para melhorar a transmissão dos comunicados humanos, de que
se podem destacar algumas delas:
a) Pronunciar as palavras corretas e claramente;
b) Falar distintamente, com boa dicção, nem muito
alto, nem muito baixo;
c) Concentrar-se na sua mensagem e levar os
interlocutores a fazerem o mesmo;
d) Não usar maneirismos, nem palavras complicadas e
os termos técnicos apenas, e quando, for absolutamente necessário e, se
possível, perante um auditório especializado no tema;
e) Ser breve, conciso, preciso, estruturante quanto
aos objetivos a atingir;
f) Manter uma postura correta, gestos comedidos que
acompanham a palavra, controlo de voz, que evite os sons excessivamente agudos
ou graves;
g) Mostrar um rosto aberto, interessado e convicto,
sobre o assunto que está a expor.
O relacionamento humano seria impossível sem o ato
comunicativo, entendido este como uma interação entre pessoas, que desejam a
convivencialidade societária, seja em contexto familiar, profissional, social, político,
religioso ou outro.
As relações humanas pressupõem diálogo, troca de
ideias, transmissão de conhecimentos, divulgação de factos, manifestação de
sentimentos e tantas outras intervenções, só possíveis pela comunicação, verbal,
e/ou, não verbal.
Qualquer dos tipos de comunicação (verbal e não
verbal) quando utilizado um, este será tanto mais enriquecido quanto mais se
recorrer, adequada e complementarmente, ao outro, imprimindo sempre
naturalidade, sinceridade e entusiasmo na apresentação do tema,
independentemente do auditório a quem se dirige a comunicação.
A comunicação forçada, simulada, afetada e muito
sofisticada pode, em certos contextos, dificultar a compreensão da mensagem que
se pretende divulgar e, consequentemente, os efeitos pretendidos e objetivos a
alcançar ficam prejudicados porque: «Todos
nós admiramos os oradores que conseguem dar naturalidade às suas alocuções, que
não têm medo de se expressar, nenhum receio de utilizar a única, individual,
imaginativa maneira de dizer o que têm a dizer ao auditório.» (CARNEGIE,
1962:188).
Bibliografia
CARNEGIE, D. Como Falar Facilmente, 6ª edição. Tradução,
Mário Domingues, Porto: Livraria Civilização. 1962
FERNANDES, Cecília Manuela Gil Carrondo, (2014).
Dissertação de Mestrado: “Turismo, Inovação e Desenvolvimento”, Viana do
Castelo: IPVC-Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
MARQUES, R. & RAPOSO,
R. Comunicação I. Lisboa: IEFP/Núcleo
de Apoio à Aprendizagem – Departamento de Formação Profissional para o Sector
Terciário. S. Data.
SEARLE, J. R. Os Actos de Fala – Um Ensaio de Filosofia da
Linguagem. Tradução, Coordenação de Carlos Vogt. Coimbra: Livraria
Almedina. 1981
Venade/Caminha – Portugal, 2019
Com o protesto
da minha perene GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
TÍTULO NOBILIÁRQUICO DE COMENDADOR, condecorado com a
“GRANDE CRUZ DA ORDEM INTERNACIONAL DO MÉRITO DO DESCOBRIDOR DO BRASIL, Pedro
Álvares Cabral” pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística http://www.minhodigital.com/news/titulo-nobiliarquico-de
DOCTOR HONORIS CAUSA EN LITERATURA” pela Academia
Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores
Latinoamericanos.
POR FAVOR. A PARTIR DESTA DATA MEU ENDEREÇO DE
E-MAIL É: diamantino.bartolo@gmail.com
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