A comunicação humana, no sentido em que produz reações, quer no emissor, quer no recetor, constitui uma capacidade única e exclusiva do homem, embora ensinada, aprendida, sempre melhorada e exercida desde a mais tenra idade.
A sociedade humana não teria atingido os elevados níveis de desenvolvimento, em todos os domínios da sua intervenção, se não tivesse criado e aperfeiçoado toda a estrutura linguística verbal e não-verbal. O conhecimento, a ciência, a técnica, e até os domínios mais esotéricos, não teriam progredido até ao ponto em que atualmente se encontram.
Naturalmente que a comunicação aqui entendida, também, no sentido da resolução de problemas, principalmente através do diálogo interpessoal, constitui um instrumento poderosíssimo, que urge saber manusear.
O processo comunicacional pelo diálogo interativo, deverá iniciar-se logo no início da vida humana extra-uterina, reunidas que estejam, ainda que minimamente, as condições biopsicológicas da criança e que, um pouco mais tarde, será melhorado com o concurso da família, da escola e da vida ativa da própria pessoa, integrada numa sociedade, onde diversos meios de comunicação a podem ajudar a melhor compreender toda a envolvência, com destaque para alguns agentes intervenientes no processo de socialização, importando aqui evidenciar a linhagem, a Igreja, a empresa, os órgãos de comunicação social, os vizinhos, a comunidade e diversas outras instituições.
Obviamente, caberá ao sistema educativo, apoiado na sua principal estrutura, a Escola, ensinar a usar corretamente uma determinada língua, na circunstância, a língua oficial em vigor no respetivo país.
Esta estrutura, por enquanto ativa e insubstituível, para além de transmitir todo um conjunto de técnicas, regras e significações, compete-lhe, também, promover, dinamizar e aferir os resultados do ato comunicacional, incentivando os elementos essenciais: emissor-recetor para o desenvolvimento e aprofundamento do diálogo, com recurso aos métodos que, em cada situação, se considerem os melhores, de imediato, entre professores e alunos, na medida em que: «Para haver um processo de intercâmbio que propicie a construção coletiva do conhecimento, é preciso que a relação professor-aluno tenha como base o diálogo. É por meio do diálogo que professor e aluno juntos constroem o conhecimento, chegando a uma síntese do saber de cada um.» (HAYDT, 1997:59)
É possível, a partir do exercício persistente, e de boas práticas, a nível da comunicação educacional, preparar o uso da língua com correção, elegância, naturalidade e eficácia, naturalmente, sem menosprezo por uma segunda ou terceira língua que, indiscutivelmente, hoje se reconhece como necessário, no desenvolvimento das relações humanas internacionais e na concretização dos projetos transfronteiriços, nos vários setores das atividades humanas.
Em todo o caso, o domínio da língua materna, e/ou da língua oficial de uma determinada sociedade, é fundamental, para nela, e a partir dela, a pessoa e as organizações se expandirem e se relacionarem da melhor forma e, igualmente necessário, para melhor se aprender uma língua estrangeira.
É pelo uso correto, rigoroso e sóbrio da língua, que o relacionamento humano se concretiza com muito mais profundidade e compreensão, de que resulta uma comunicação eficiente, no sentido de uma relação ou ligação entre pessoas, produzindo resultados predefinidos pelas mesmas.
Neste contexto, a noção operatória de comunicação assume uma importância vital nas relações humanas, considerando que: «Comunicação é a situação em que é possível estabelecer-se uma relação entre pessoas, de tal modo que as iniciativas intencionais de uma possam chegar ao conhecimento das outras.» (TRINDADE, 1990:33)
Atualmente, reveste-se de capital interesse dispor de mecanismos, e formação suficientes, para os utilizar, na resolução de conflitos, através do processo argumentativo, o que implica o domínio de algumas técnicas argumentativas, que são, teoricamente, adquiridas em escolas da especialidade, e também nos sistemas educativos normais, designadamente quando se estudam os princípios fundamentadores da Comunicação Humana.
É evidente que a acompanhar a exposição verbal dos argumentos, se utiliza uma outra linguagem, não-verbal, que, na resolução de conflitos, desempenha um papel fulcral, porque ao se desenvolver, verbalmente, um ou vários argumentos, estes podem ser confirmados, ou negados, por gestos que, intencionalmente, ou imprudentemente, vão sendo manifestados pela pessoa que argumenta, a qual deverá ter todo o cuidado com a sua postura.
O domínio da linguagem não-verbal é decisivo para o êxito ou fracasso, de uma comunicação que visa resultados conciliatórios, na resolução de um conflito, por isso e uma vez mais, se recorda a linguagem assertiva, sincera, transparente, verdadeira, justamente para não se cair em contradições, entre o que é pensado, o que é dito e o que é gesticulado.
Com efeito: «A dificuldade com a comunicação não-verbal, ou expressão corporal, como é mais vulgarmente designada, não consiste em observá-la nem em interpretá-la. É preciso ter o cuidado de não deduzir em vez de ler. (…) Para se ser um utilizador eficaz da comunicação não-verbal você precisa, em primeiro lugar, de afinar os seus poderes de observação. À medida que começar a notar que algo sucede, pode construir a sua perceção de quando sucede. (WILSON, & LODGE, 1993:129)
Bibliografia
HAYDT, R.
C. C. Curso de Didática Geral, 4ª ed.
São Paulo: Ática. 1997
WILSON,
G. & LODGE, D. Resolução de Problemas
e Tomada de Decisão: Inovação, Trabalho de Equipa, Técnicas Eficazes. Tradução,
Isabel Campos. Lisboa: Clássica. 1993.
Venade/Caminha –
Portugal, 2019
Com
o protesto da minha perene GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
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