Mandaste-me dizer,No teu bilhete ardente,Que hás-de por mim morrer,Morrer muito contente.
Lançaste no papelAs mais lascivas frases;A carta era um painelDe cenas de rapazes!
Ó cálida mulher,Teus dedos delicadosTraçaram do prazerOs quadros depravados!
Contudo, um teu olharÉ muito mais fogoso,Que a febre epistolarDo teu bilhete ansioso:
Do teu rostinho ovalOs olhos tão nefandosTraduzem menos malOs vícios execrandos.
Teus olhos sensuaisLibidinosa Marta,Teus olhos dizem maisQue a tua própria carta.
As grandes comoçõesTu, neles, sempre espelhas;São lúbricas paixõesAs vívidas centelhas...
Teus olhos imorais,Mulher, que me dissecas,Teus olhos dizem mais,Que muitas bibliotecas!
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