Nocturno- Francisco Espínola de Mendonça

Ouço bater. É ela certamente
Que se arrepende e volta numa prece
Ouço bater. Não abro. Não merece.
Pois que fique a bater eternamente.

A chuva cai frenética, dolente;
O vento chora e, em gritos, enraivece.
Tudo, cá dentro, escuta e estremece.
Não abro, não. Mentiu e ainda mente.

Não devo abrir. Bem sei que não devia.
Mas a noite, meu Deus, está tão fria!
E se ela morre ao abandono, assim?

Vou abrir...Vou findar o meu tormento.
Ninguém, meu Deus! Ninguém! Ah! foi o vento
Tragicamente a escarnecer de mim.

Este poema foi enviado por Conceição Medina à qual agradeço imenso. Desconhecia. 
Um abraço Conceição!

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ESTE POEMA FOI COPIADO POR MIM PARA UMA FOLHA DE UM CADERNO DIÁRIO, EM PONTA DELGADA, 23 DE NOVEMBRO DE 1962. Encontrei-o agora, não me lembrava do poema nem sabia que ele era Micaelense.

um abraço

Conceição 

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