Era um canário preso numa gaiola
Tinha ali água e comida à vontade
Mas não tinha vontade de cantar
Via outros passarinhos, soltos a voar
De árvore em árvore a saltar.
– Era o Bem-te-vi, a cantar para sua amada,
– O João de Barro, com um fiapo no bico,
– O Quero-quero, gritando a liberdade,
– O Pardal que ciscava aqui e ali.
– Ah! o Beija-flor tão lindo, de flor em flor.
E ele ali, bem alimentado, bem cuidado.
(Bem cuidado? Será?)
Coitado, queria cantar, mas não conseguia...
Um dia, viu a porta da gaiola aberta
E saltou. E nesse salto, caiu,
Não sabia voar, estava no chão
Ali, piando, piando, não sabia cantar,
Não tinha outro canário para o ajudar
E foi piando, pulando, tentando bater as asas.
E num salto, conseguiu voar um pouco.
E de voada em voada, chegou a um parque,
Lá encontrou alguns outros passarinhos
Encontrou uma árvore e lá ficou
Via os pássaros a voar, o urubu lá no alto…
Aquilo foi lhe dando uma vontade tão forte…
Saltou do galho da árvore, abriu as asas,
Foi caindo, mas de repente voou,
Voou tão alto, tão alto,
Passou por cima das árvores,
Quase chegando às nuvens!
E lá deu um pio, outro pio…
E agora sim, conseguiu cantar
Uns versos assim:
“Agora sei o que é vida de verdade,
Posso voar, estou livre enfim,
Eu não sabia que a liberdade
Era tão maravilhosa assim
Comentários
Muito obrigada por postar aqui um vídeo meu, com o texto poético A Liberdade, tão bem declamado pelo nosso amigo Joaquim Sustelo.
Um beijinho
Abraço Cida!