Vem aí a Primavera e a estação apetecível aumenta o meu desejo de deambular pelo sudoeste e fruir do seu maravilhoso litoral cujas praias são o nosso encanto, como naturais de lá, e não só, também o de milhares de turistas que nos visitam.
Já rendi o meu preito de gratidão a Porto Covo, Milfontes hoje quero falar do Almograve..
Primeiro quero reflectir sobre esta palavra bonita que soa bem aos nossos ouvidos alentejanos e evocar a lenda que está na sua génese.
Talvez a vá interpretar duma maneira muito própria e ao desconstruí-la separar o mito da lenda que está na mística da alma alentejana, da miscelânea de fenómenos linguísticos que a sua génese encerra.
Sabemos que o álamo, também conhecido pela designação de choupo é uma árvore que existe no Alentejo principalmente nos terrenos húmidos à beira de lagos, rios, etc.
Recuando muito nos tempos, existiu no local citado, perto de um monte alentejano uma bela árvore, um álamo muito bonito e esguio.
Dizia-se em tempos antigos de alguém que estava muito bem vestido:
-“Estás muito grave” que significava que a pessoa estava muito bonita.
Acrescento que o povo na sua maneira de pronunciar as palavras tem muitas vezes tendência para a corruptela. Para muitos, pouco letrados, os álamos eram simplesmente “os almos”.
Em volta desse monte construíram-se mais montes e assim se formou um povoado.
E foi assim que esse álamo especial e elegante deu origem ao nome do povoado.
ALMO + GRAVE
Como se não bastasse esse nome poético o Almograve possui uma das praias mais bonitas do Sudoeste Alentejano
Ela é conhecida pela peculiaridade e pelo pitoresco das suas falésias e dos seus rochedos.
A praia divide-se em duas partes distintas: a praia dos rochedos e a praia de areia dourada encostada às dunas.
As arribas têm a sua singularidade; algumas são percorridas por fios de água que cobrem as avencas que espontaneamente aí nascem.
A paisagem circundante é revestida de plantas: cerca de 750 espécies conhecidas, 100 das quais endémicas e 12 únicas em todo o mundo.
Na zona do Almograve como aliás em todo o sudoeste alentejano existe um mistura de vegetação mediterrânica, norte -atlântica e africana com predomínio da primeira.
Esta praia de beleza inexcedível é a que fica mais próxima da sede de concelho – Odemira e que muito justificadamente se orgulha dela e a preserva cuidadosamente
dotando-a de estruturas adequadas e à altura das suas óptimas condições naturais.
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