A minha cidade
É feita de ruas e praças,
De prédios e casas às cores
e árvores verdes.
É feita de chuva e de sol,
De calor e de frio
De céu azul e de chão,
Lugar onde te encontras e te perdes.
O mar calou-se ao longe
E da montanha sopram ventos
Com notícias agridoces
Que perfumam a minha cidade.
Com ela me encontro pela manhã,
Dela me despeço à tardinha.
Na minha cidade
Há outras e outros,
Rostos antigos e novos que se animam,
Onde brilham olhares que se aninham
Nas mãos dadas do carinho e do afeto,
Nas mãos vazias, suspensas, frágeis,
À espera de coisas ou de coisa nenhuma
E tocam o ar frio da noite
E colhem a calidez dos dias
No banco de um qualquer lugar.
Há festa, trabalho, bulício e cansaço
Nesta cidade,
Onde não se ouve o mar,
Onde as gaivotas não fazem ninho,
Onde os barcos não ancoram.
Cruzam-se autocarros e comboios
Que levam e trazem,
Vogar incessante da viagem
Dos que aqui labutam e moram.
Esta cidade
És tu e sou eu
No amplexo do peito
Onde bate um coração
E o espírito refulge
E a sente por inteiro,
Como linha da palma da mão
In A Sombra dos Dias, ed. Labirinto (novembro 2016)
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