Pedi a Deus, trouxe-me,
dispersos, laivos de luz, pedaços
de esperança. Um vendaval, eu ainda criança;
uma chuva intensa, os sonhos imersos.
Chamei por Deus, já longe de mim.
Sentei-me à mesa, quis-me confessar,
ele calado, eu a protestar. Nada mudou.
Não soube ao que vim.
Bati a porta do céu e saí. Caí nas nuvens,
só depois no chão. Deus não me empurrou,
eu juro que não,
fui eu que, zangada, a porta bati.
Entrei na cidade, uma nuvem de pó. As casas sem blush,
as ruas sem luz; os olhos no chão,
os rostos na cruz. Deus longe de mim,
eu ali tão só.
Procurei-o em tudo, em nada o vi. Sentei-me no chão,
à espera, a olhar,
mas ele não veio, eu fiquei ali.
Talvez o encontre quando me encontrar.
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