Sentada no batente da cozinha,
Observava mamãe lavando os pratos.
Delicadamente ela areava as panelas.
Quando lavava um utensílio de vidro,
Tocava de leve com a sua aliança.
E aquele barulhinho me encantava.
Era assim todos os dias.
O tempo passou. Cresci.
Não me sento mais naquele batente.
Mamãe não lava mais pratos.
Porém, a musicalidade daquele toque
Acompanhou a minha vida.
E hoje, quando a saudade me aperta o peito,
Tomo qualquer objeto com textura cristalina,
Toco levemente com a minha aliança
Para reouvir aquele som,
Que me leva ao passado
E traz, ao meu presente,
A mãe, que já não está comigo.
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